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Alguns colegas pediram para eu explicar o sentido de Estado de Greve, pois, a palavra “greve” já assusta, coloca medo e a palavra “Estado” cria confusão enquanto território etc. (rsrs) Somos bons em ensino, extensão e pesquisa, mas quando adentramos na ordem do político, temos não dificuldade, temos nossas grades de leitura para não dizer ideologias que de-significa os sentidos de um sintagma nominal tão simples. Um sintagma que se refere a uma posição discursiva política, é neste momento que os sentidos das ideologias de direita e da extrema direita bloqueiam os sentidos do sintagma para também bloquear os seus efeitos de sentidos discursivos e não discursivos: o debate sobre uma possível enfrentamento ou mesmo uma greve.

Vamos aos esclarecimentos: estado de greve ocorre quando há uma previsibilidade da reivindicação da categoria de não ser atendida (ano passado não foi atendida e pronto). Diante da previsibilidade da negociação, a categoria assume uma posição organizativa e preparando-se para um embate, dizendo que não vai esperar mais eternamente em gabinete esplendido, dizendo que está disposta ir para o enfrentamento (sei que não vai mesmo). Estado de Greve é um tipo de recado prévio para dos corajosos.

Ainda o Estado de Greve pressupõe formação de grupos (que não é de terapia) em que se discuti estratégias efetivas para aguardar o resultado. Caso a negociação seja promissora (com prazos e datas para discutir e terminar), a categoria vai discutir a contraproposta e deliberar a partir das expectativas, caso não tenha contraproposta, a categoria inicia o plano elaborado (várias etapas) no Estado de Greve e transformando em sua última instância em Greve.

Não vou desenhar tudo e nem posso, mas em síntese seria um diálogo com técnicos-administrativos e com o Diretório Central dos Estudantes (para os alunos seriam uma grande aula viva de como trabalhadores organizados seriamente reivindicando direitos democraticamente). Um grande de debate, esclarecimentos conjunturais, históricos, políticos, ideológicos e inflacionários. Como diz o Velho Urso Barbudo, só há consciência política no/pelo debate.

Só ele pode transformar mentalidades e situar as pessoas em relação a sua posição na luta de classe, qual o seu lugar na sociedade (somos classe média baixa com complexo de elite) e no limiar da conscientização política, diz se sua posição política, seus valores, suas concepções, suas “verdades” que você defende, se elas representam ou não os anseios da sua categoria. Dito de outra forma, se a sua posição política, seus valores, suas concepções, suas “verdades” defendem você ou o patrão. Hoje, a decisão da maioria aprovada em assembleia da aduems defende o patrão.

Resumindo: Estado de Greve é para sinalizar que a categoria anseia no mínimo uma contraproposta que não seja a de esperar mais eternamente em gabinete esplendido.

Feitos os esclarecimento, acho que teremos um bom debate na próxima assembleia da aduems. Momento importante não porque os grupos e movimentos nos trarão uma proposta para a categoria. Ao reprovar o Estado de Greve já sinalizou que não irá para o enfrentamento. Mas a assembleia próxima é apenas para legitimar uma proposta de esperar, esperar, esperar, esperar … …. …. …. …. …., conversar, conversar … … … … … .. até virar o ano. Depois vamos reclamar da vida, rir um pouco etc. etc. etc. E vamos para os nossos gabinetes. Gostaria de ressaltar que em algumas Unidades da UEMS não possuem gabinetes como os da Unidade Santo. Não se trata de injustiça, trata-se de luta qualificada.

Não vou mais manter minha posição de Estado de Greve, vou defender a Greve em seu sentido pleno pelo Estado não nos ter dado uma resposta satisfatória ano passado. Sei que vou perder, mas perco com disposição, com coragem e sem medo de lutar. Espero manter os mesmo votos.

Só gostaria de discutir números que também são ideológicos:

– o número esperar equivale ao que o Estado dar (se ele dar 5%, esperar é igual a 5%);

– ano passado tínhamos 38% de defasagem salarial, temos que ver os dados do DIESSE para ver se diminuiu, brincadeirinha, nada diminui, tivemos 5% e pronto, creio que aumentou. Vamos aguardar;

– quem entrou na UEMS antes de 2003, aposenta com salário integral, e terá 14% de desconto. O percentual é por não ter feito a luta devida. Aposentado não faz greve mas vota a favor da paralisia. Ao aposentar quer dizer que cumprimos nossa parte, estamos com uma idade ruma cada vez mais a debilitação natural apesar da ciência etc. etc. e havia uma acordo que aposentado não pagaria mais previdência. Estamos na luta de classe, ver dicionários;

– ao aposentar também estamos à mercê dos planos de saúde que varia mais não fica menos de dois mil quinhentos reais. Idoso paga mais caro porque fica mais doente;

– quem entrou na UEMS depois de 2003, ao se aposentar perderá em torno de 20%, após aposentar, também terá que pagar 14% e ainda mais o plano de saúde. Não inclui remédios.

Como tudo se decidi no voto e é legítimo, gostaria de deixar uns textinho que fiz em outros momentos:

– Profecia do Voto: crônica acadêmica;

– Voto: seu nível de consciência da inconsciência política, apolítica ou des-política;

– Voto: a saga da saga;

– Do Templo Uemsseano do Saber: conversa com Sr. Zeus.

Todos os textos são do meu livro Crônicas da Academia: linguagem, ideologia e política. Site: https://www.editoraresistenciapopular.com.br/cronicas-19551525

Todos retratam um momento intenso de debate da UEMS.

Obs. 01 – se tiver alguma informação incorreta, favor me avisar para que eu possa corrigir.

Obs. 02 – uma vez me falaram que os textos são longos e ninguém lia. Vou dividir o texto e várias partes para que tenhamos tempo de ler e debater. Se for o caso, só ler o título.

Continua.

Prof. Marlon L. Rodrigues

Unidade Santo Amaro – CG