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PARTE 02 – PROFESSORES DA UEMS SÃO CONTRA “ESTADO DE GREVE”: O ESTADO POR DORMIR TRANQUILO, ATÉ PODE DAR MENOS QUE 5%, ESTÁ TUDO EM ORDEM E DOMINADO
Assembleia da aduems
No dia 18/04/2024, às 08:30h aconteceu a assembleia da aduems, sindicado dos professores da UEMS. Teve os informes sobre a anti-luta pela reposição salarial de 2023. Resumindo: a aduems ficou esperando, esperando, esperando, esperando … a Secretária da SAD não marcou a reunião e enquanto isto a categoria ficou esperando a aduems que não tomou uma atitude esperada da mobilizar etc. Atitude de esperar acaba em sintonia com a estratégia do governo de dar um percentual a mais apenas para quem luta e não espera, espera, espera, espera, espera … só vai levar o que o governo der e pronto. Assim foi, e se categoria não reagir assim de novo.
De volta ao ponto. Não deu em nada como era de se esperar a partir das estratégias montadas e aceitas. Eu disse isto pessoalmente. As estratégias da aduems em alguma medida anteciparam o resultado. Participei do grupo de trabalho, fui em uma ou duas reuniões e não fui mais. Na ocasião disse que não daria em nada e não deu. Tinha que mudar as estratégias. É fácil colocar a culpa no governo que não quis dar o pedido ou na Secretária da SAD que não soube negociar, como se eles tivessem obrigação em particular com a categoria. Faltou atitude em primeiro plano da aduems e sem segundo da categoria que está sentada em gabinete esplendido.
Vou usar mais uma metáfora: imagina o Estado como o grande pai e as categorias seus filhos, e muitos filhos. O pai tem que atender as demandas dos filhos. Cada filho possui uma particularidade. Quais dos filhos vão levar a melhor fatia para suas demandas? Aqueles ficam esperando, esperando, esperando, esperando alienadamente ou aqueles vão de forma mais consistente para falar e dialogar com o pai?
Há um fato simples, um dito popular que diz que “briga mais, ganha mais ou quem não chora não é ouvido”. Para o Estado dar parte o pedido pela categoria, ele deveria ter-se sentido sensibilizado ou incomodado pela categoria. Não houve e não haverá sensibilização ou incomodo. A categoria não possui disposição para luta e nem a direção sindical se dispõe como em 2013 e 2014. Sem disposição para luta, o que resta é esperar e montar comissões e grupos disto e daquilo e filosofar alhures como um tipo de terapia de grupo e esperar, esperar, esperar.
As propostas de grupo e de comissões sempre vencem, e todos gostam porque nos tira da luta frontal e culpamos os outros pelas nossas desventuras, por nós não termos posição política de luta. Culpamos os outros por nosso situação econômica. Este sentimento de culpa nos conforta e assim não precisamos tomar decisões duras ou certas. Mas sabemos como se faz uma luta, sabemos como reivindicar, sabemos como nos posicionar da mesma forma que sabemos dar aulas e fazer pesquisas sofisticadas.
Em 2013 ou 2014, em um raro momento de lucidez política, a categoria teve um enfrentamento político e a categoria foi vencedora, avançamos no nosso PCC: a TI foi considerada como regime de trabalho e hoje aposentamos com a TI. Foi apenas uma das conquistas. A própria Unidade de Campo Grande foi uma delas etc. Ironia, se não fosse aquela posição dura, os colegas aposentados de hoje não aposentariam com a dedicação exclusiva. Naquela época, os aposentados perdiam 50%, a TI porque não era regime de trabalho. Hoje aposentados votam contra luta, mas vão diariamente na assembleia lutar. Ironia mesmo.
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Obs.: uma vez me falaram que os textos são longos e ninguém lia. Vou dividir o texto e várias partes para que tenhamos tempo de ler e debater. Se for o caso, só ler o título.
Continua.
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Marlon Leal Rodrigues
Campo Grande-MS
Belo texto, grandes verdades!
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A minha primeira tentativa de entrar no mestrado, mostrou que eu, depois de anos de internet, já não sabia mais escrever. Não passei na prova e não deveria mesmo ter passado. Já na segunda tentativa, um ano após a primeira, ano este em que foi usado para o retorno aos cadernos e escrita à caneta, também não passei na prova e novamente não me senti injustiçada, pois descobri mais um problema. A minha capacidade de refletir, de analisar e CRITICAR qualquer coisa que seja não existe mais, ou existe e está encolhida na concha da vida de professora.
Esse é um problema sério que existe naquilo que chamam de chão da escola.
O chão da escola deveria ser o lugar do debate e da luta, deveria ser a porta para a compreensão do todo, porém tem sido apenas o local onde ganhamos o nosso pão e calamos a nossa boca. Como disse Marlon Leal Rodrigues, “quando pronunciamos a palavra greve é o mesmo que pronunciar uma heresia, um palavrão ou mesmo uma ofensa para a grande maioria dos professores /pesquisadores, a categoria que pensa as questões sociais e políticas da sociedade não consegue assumir uma estratégia eficiente de luta. Na verdade, até sabe, mas as concepções conservadoras imperam na maioria da categoria”, e assim a classe que move a educação não consegue mover uma palha quando o assunto é debate, quando o que se precisa é de crítica social os professores são silêncio e ausência.
Dessa maneira, resolvi escrever este pequeno comentário como um protesto contra meu próprio silêncio amedrontado e para ver se consigo externalizar minha opinião, numa tentativa de resgatar minha própria voz.
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Profa. Tânia, como vai? Grato pelas palavras. A luta se faz com coragem e o uso da palavra dura e atitude firme.
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